O que são os divertículos?

O nosso intestino apresenta diversas camadas de tecidos e, em algumas regiões, pode haver uma fraqueza destas camadas. Desta forma, nestas áreas há uma propensão a formação dos divertículos.

Os divertículos são saculações (“saquinhos”) na parede intestinal. Eles podem ser verdadeiros, acometendo todas as camadas, ou falsos, acometendo apenas mucosa e submucosa intestinal.

Vale reforçar que esta é uma condição que pode acometer outros órgãos como bexiga, esôfago ou duodeno, por exemplo.

 

Qual a causa dos divertículos?

 

Existem diversas teorias que tentam determinar o motivo do surgimento dos divertículos. Entretanto não há uma causa bem definida. Provavelmente seu surgimento é multifatorial, ou seja, existem diversos motivos pelo qual são formados.

Atualmente, acredita-se que ocorram principalmente por um aumento da pressão dentro da luz intestinal e, dessa forma gerando o seu prolapso (formação da saculação).

Este aumento da pressão está, muito provavelmente, relacionado com dietas pobres em fibras e constipação intestinal. Entretanto outros fatores parecem estar envolvidos como envelhecimento, predisposição genética e alterações do colágeno.

 

Tenho divertículos, e agora?

 

 Acalme-se! A avaliação por um coloproctologista é importante para o correto seguimento, entretanto, a maior parte das pessoas que apresenta divertículos não têm complicações e permanecerão assintomáticas.

 

Tenho que parar de consumir grãos por conta dos divertículos?

 

Embora esta fosse a recomendação seguida por muitos anos, atualmente acredita-se que não há necessidade de restrição do consumo de grãos por pessoas que apresentam divertículos.

A recomendação é que o paciente aumente sua ingesta de fibras e água para um melhor funcionamento intestinal. Os grãos devem ser suspensos apenas no diagnóstico de diverticulite aguda.

 

Quais os sintomas posso apresentar?

 

Como dito anteriormente, a maior parte das pessoas não apresenta sintomas quando apresenta divertículos, ou tecnicamente, diverticulose intestinal.

Entretanto, alguns pacientes podem apresentar uma gama de sintomas como diverticulite aguda, sangramento diverticular, dor crônica e estenose.

 

Diverticulite aguda, o que é?

 

É a complicação mais frequente dos portadores de divertículos intestinais. Cerca de 30% dos pacientes com sintomas terão como diagnóstico a diverticulite aguda.

Ela consiste no processo de inflamação e infecção próxima aos divertículos. As teorias para sua formação demonstraram que provavelmente ela relaciona-se com o “entupimento” dos divertículos e, desta forma, com microperfurações que geram este quadro.

Nestes casos, o paciente costuma apresentar um quadro de dor abdominal normalmente à esquerda do abdome, que pode apresentar-se de formas e intensidades variáveis. Além disso, ela pode estar associada com outros sintomas como febre, náuseas e vômitos.

Este é um quadro que requer avaliação médica rápida e de forma adequada pois o tratamento pode variar desde medicações sintomáticas, antibioticoterapia até procedimentos mais invasivos como punções e cirurgias na urgência.

 

Confira no link abaixo 05 dicas para um quadro de Diverticulite Aguda!

 

Quais as complicações da Diverticulite Aguda?

 

– Abscesso: os abscessos são conglomerados de pus dentro da cavidade abdominal. Eles podem ser de diversos tamanhos e localizações e, se não tratados de forma adequada, podem evoluir com contaminação de toda cavidade abdominal.

Existem inúmeras opções de tratamento nestes quadros. Elas variam conforme a gravidade da doença. Podemos citar a antibioticoterapia, drenagem e cirurgia como as principais modalidades.

 

 

– Estenose: as estenoses ocorrem por conta de um processo inflamatório intenso que gera uma diminuição da luz (do calibre) do intestino. Dessa forma, o paciente evolui com quadros de distensão abdominal e dificuldade para evacuar. Nestes casos, o tratamento pode ser realizado com dilatações por colonoscopia ou com cirurgia.

– Perfurações: num quadro intenso pode ocorrer uma perfuração do intestino e, na maior parte das vezes, deve-se realizar um procedimento cirúrgico na urgência.

– Fistulas: As fistulas são comunicações entre dois órgãos ou entre um órgão e a pele. Elas ocorrem quando os órgãos aderem uns aos outros (grudam). Dessa forma, após um processo de inflamação intenso, pode ocorrer a formação de uma fístula do intestino grosso para a pele, intestino delgado, bexiga ou vagina. Nestes casos, o paciente pode queixar-se de saída de ar, gás ou fezes pela vagina ou na urina.

O acompanhamento adequado após este quadro é importante pois, na maioria dos casos pode-se necessitar a realização de procedimentos cirúrgicos eletivos.

 

A diverticulite aguda pode virar câncer?

 

Não a diverticulite aguda não vira câncer, entretanto, alguns casos de câncer podem imitar um quadro de diverticulite aguda.

Dessa forma, o câncer colorretal pode ser um diagnóstico diferencial para os quadros de diverticulite aguda complicada.

Os pacientes após este quadro devem ser acompanhados para que ocorra esta investigação de forma adequada por meio da colonoscopia.

 

Qual dieta realizar na crise de diverticulite aguda?

 

No início, a dieta da diverticulite deve conter poucas fibras e conter alimentos de fácil digestão.

A indicação de dieta líquida a base de sopas é controversa, entretanto, durante o quadro de dor devem ser evitados grãos, frutas com casca, vegetais crus, feijão, leite, refrigerantes e comidas prontas.

Além disso, deve-se evitar o consumo de embutidos, molhos e frituras, promovendo uma dieta com baixa gordura.

Deve-se ter atenção para uma ingesta de água adequada, promovendo assim, o correto funcionamento intestinal. Para auxílio do aumento da ingesta hídrica, pode-se utilizar o chá de camomila com valeriana que apresenta propriedades calmantes.

 

Eu preciso operar sempre na diverticulite aguda?

 

Não, a maior parte dos pacientes que apresenta diverticulite aguda não necessitará de um procedimento cirúrgico.

Entretanto, alguma medidas podem ser necessárias como procedimentos de drenagem.

A cirurgia é reservada, na urgência, para casos com infecções localmente ou sistemicamente graves.

Nestes casos, normalmente é necessária a remoção de um segmento intestinal. Alguns pacientes podem se beneficiar da confecção da bolsa de colostomia.

 

Sangramento colônico ou intestinal

 

 

Esta é a segunda complicação mais frequente dos pacientes que apresentam doença diverticular.

De maneira geral, são sangramentos intensos, vermelho vivo ou escurecidos, sem fezes associadas e em grande quantidade. O paciente costuma ter a sensação de que sua evacuação será de diarreia, mas ele apresenta uma evacuação apenas com sangue. A maior parte dos pacientes procura o atendimento extremamente assustado.

Esta é outra condição que deve ser avaliada rapidamente por um médico pois, embora o sangramento normalmente seja autolimitado (interrupção espontânea) em 80% dos casos, pode ser necessário algum procedimento mais invasivo como transfusão sanguínea e, inclusive, realização de cirurgia na urgência para retirada do intestino sangrando.

 

Como é feito o diagnóstico?

O melhor exame para diagnóstico da diverticulose é a colonoscopia. Entretanto a sua solicitação deve ser realizada no momento adequado devido aos riscos que o procedimento pode apresentar quando o paciente está, principalmente, em fase ativa da diverticulite aguda. Nestes casos, a tomografia de abdômen é o exame de escolha.

 

A diverticulose tem cura?

 

Não, a diverticulose não tem cura. Seu acompanhamento adequado é necessário bem como atenção aos sintomas e para abordagens precoces nos casos de complicações. Converse com seu Coloproctologista!

 

DRA. ALINE CELEGHINI – PROCTOLOGISTA EM SÃO PAULO

A Dra. Aline Celeghini é Médica Coloproctologista e Cirurgiã Geral formada pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP).

Membro da Sociedade Brasileira de Coloproctologia, atualmente é pós graduanda em Doenças Funcionais e Manometria do Aparelho Digestivo pelo Hospital Israelita Albert Einstein e professora da graduação em Medicina da Universidade Anhembi Morumbi.

A Dra. Aline Celeghini (CRM SP 183830) ajuda você a cuidar da saúde do seu intestino!

 

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